Moroni, como policial federal, colocou o tema na sucessão em Fortaleza desde a sua primeira disputa
O Ibope perguntou a 805 eleitores, entre os dias
11 e 13 deste mês, o seguinte: "Independente da sua intenção de voto, na
sua opinião, quem será o próximo Prefeito de Fortaleza?". 53% dos
entrevistados disseram que será Roberto Cláudio (PDT), 24% apontaram o nome do
Capitão Wagner (PR), 12% citaram Luizianne Lins (PT). Heitor Férrer conseguiu
2% e Ronaldo Martins (PRB) 1%. Os demais não foram citados.
Percentuais tão díspares em relação aos demais do
restante da pesquisa, aqui publicada na última quinta-feira (15), quanto os da
espontânea, estimulada ou mesmo das projeções para um provável segundo turno,
indicam, por certo, que a quase totalidade dos candidatos à Prefeitura da
Capital não conseguiu transmitir confiança sequer ao eleitorado com quem
propriamente se identifica.
A Saúde, registra a pesquisa em questão, é o
principal problema apontado pelo fortalezense. Depois dela, bem distante, vem a
questão da Segurança, da Educação e outros. A Saúde e a Educação não estão sendo
tratadas com a percuciência e clareza que permitam ao eleitor assimilar para
acreditar no prometido, ficando, portanto, a dúvida quanto à capacidade do
futuro prefeito de fazer as intervenções necessárias à melhoria desses
serviços, e de outros, também significativos para a melhoria de vida da
população. E como a Segurança é apelo fácil para qualquer um apontar soluções
mirabolantes, ela tem ganho mais espaço na campanha.
Rendeu
Desde a eleição municipal de 2000, vencida por
Juraci Magalhães, a questão da Segurança entrou como um dos temas centrais,
apresentado por Moroni Torgan, o policial federal introduzido na política do
Ceará após exercer o cargo de secretário de Segurança do Estado.
O tema rendeu para ele vários mandatos de
deputado federal, inclusive o atual, e um de vice-governador. Infrutíferas,
porém, foram as suas quatro tentativas de ser prefeito de Fortaleza com o
discurso de Segurança, apesar de sempre ter sido bem votado, e em 2004 ter
chegado ao segundo turno à frente de Luizianne Lins, com quase 50 mil votos. Em
2008, também, foi ele o segundo candidato mais votado, mas perdeu para a mesma
Luizianne ainda no primeiro turno da eleição.
O discurso da Segurança é sempre impactante.
Todos têm interesse em morar em um ambiente de paz e tranquilidade. Mas o
cidadão tem mostrado querer muito mais da gestão pública e saber das
limitações, legais e financeiras, do Município para prover ou não tal serviço.
Diferentemente da disputa estadual, quando essa
questão se torna relevante, no pleito municipal, o mais próximo de todas as
comunidades, transmite confiança ao cidadão o candidato que melhor expõe suas
propostas para os serviços básicos de Saúde, da Educação, do transporte, da
limpeza urbana e tantos outros exigidos no dia a dia.
Capitão Wagner, pela patente como Moroni tem a de
policial federal, embora não tenha a mesma empatia e vigor na sua presença e
fala, atrai para si as atenções e preferências dos mais preocupados com a
insegurança, além do apoio dos companheiros de farda. E estranho, conseguiu
levar para o centro do debate o seu tema preferido e razão dos mandatos de
vereador e deputado estadual, conquistados nas duas últimas eleições.
Reciclarem
Mais esclarecido e cônscio dos seus direitos, o
eleitor de hoje deixa muito menos se engabelar com o discurso fácil de tudo
fazer sem explicar e comprovar como. Ele não quer mais ser enganado e a maioria
dos candidatos não percebeu a necessidade de reciclar seus discursos.
Todos os atuais postulantes ao cargo de prefeito
da Capital já disputaram várias outras eleições, inclusive de prefeito, no caso
do deputado Heitor Férrer que está na sua quarta campanha para a Prefeitura da
Capital. A mais bem-sucedida foi em 2012, quando chegou no terceiro lugar ao
fim do primeiro turno. Com a mesma oratória, em 2016, persistindo no equívoco,
poderá sair menor da disputa.
Luizianne Lins, que para muitos poderia ser a
principal adversária do prefeito Roberto Cláudio, também ficou no passado.
Entrou na disputa como fez em 2004. Por birra. Lá, os tempos eram outros e sua
valentia venceu o comando nacional do partido e os adversários. Ela era o novo
na campanha.
E na época os candidatos a cargos majoritários
não utilizavam os modernos instrumentos de campanha, principalmente as
pesquisas, para nortearem os seus passos. Se soubesse que no primeiro turno da
eleição não era o atual prefeito, com todas as chances de ir para o segundo
turno, teria se voltado para o trabalho de se firmar como a segunda força. A
partir de ontem deu um novo norte à sua caminhada, mas o tempo está realmente
muito curto.
Alteração
Os demais candidatos, com quase nenhuma chance,
já quase bateram no teto. Hoje, suas preocupações devem se voltar para os
próximos pleitos, pois correm o risco de saírem da disputa seriamente
prejudicados para as pretensões futuras, principalmente aqueles cujo objetivo,
desde o início, era o de tão-somente manterem seus nomes em evidência para
facilitar a reeleição para os mandatos legislativos já conquistados, tanto na
Assembleia quanto na Câmara Federal.
Mas, embora a poucos dias para o encerramento da
campanha, ainda podem surgir alterações e mudar essa realidade apontada pela
última pesquisa. Há exemplos vários de mudanças do quadro eleitoral nos
instantes que antecedem o processo de votação, embora, sem dúvida, não parece
ser muito fácil de acontecer sem uma alteração radical de como a maioria dos
candidatos está se comportando.
Se, antes, apenas o candidato Roberto Cláudio
estava norteando sua campanha com informações especiais de pesquisas próprias,
especialmente as qualitativas, outros candidatos passaram a fazer suas
pesquisas. Elas são fundamentais para subsidiar o trabalho das equipes,
sobretudo as da comunicação, o melhor espaço que os políticos têm para a
transmissão de suas ideias e propostas, sem esquecer as informações que essas
pesquisas internas oferecem para o trabalho de rua de cada um dos postulantes,
pois o contato pessoal ainda é, um dos mais importantes em qualquer das
campanhas.
Fonte: Diário do Nordeste