CE: chinesa deve aplicar US$ 4 bi em refinaria
Empreendimento pode gerar 10 mil empregos ainda na fase de implantação e 8 mil quando iniciar operação
O memorando de entendimento para a realização de
estudos para a instalação de uma refinaria dentro da área da Zona de
Processamento de Exportação (ZPE) do Ceará, acordado ontem entre o governador
Camilo Santana e representantes da empresa chinesa Guangdong Zhenrong Energy,
deve render ao Estado, caso os indicadores se mostrem propícios, um
investimento de US$ 4 bilhões e a geração de aproximadamente 10 mil empregos
durante a construção do empreendimento e mais oito mil postos, entre diretos e
indiretos, durante a operação plena, segundo estimou o governo cearense.
A planta de refino visada pelo governador deve
produzir, diariamente, um número de 300 mil barris de petróleo e, de olho
nisso, a também chinesa Qingdao Xinyutian Petroquímical participou da cerimônia
que selou o memorando, realizada ontem na província de Guangzhou.
Esse é um passo importante para
viabilizarmos a refinaria em nosso Estado. O empreendimento, que estará dentro
da nossa Zona de Processamento de Exportação, deverá gerar pelo menos 10 mil
empregos na fase de construção e 8 mil postos permanentes entre diretos e indiretos,
reforçou o governador Camilo Santana, que foi a China acompanhado dos
secretários Antônio Balhmann (Assuntos Internacionais) e André Facó
(Infraestrutura).
Os recursos para financiar o projeto, ainda de
acordo com as informações do governo cearense, devem ter origem em bancos
chineses. O comunicado do governo ainda informa que memorando assinado ontem
deve-se ao acordo fechado pelo governo brasileiro e o chinês no início deste
ano - ainda quando a ex-presidente Dilma Rousseff comandava o Executivo.
Empreitada
A busca por uma refinaria para o Ceará data mais
de uma década e busca ainda sanar uma demanda interna antiga por uma planta de
refino que atenda, a partir de uma localização estratégica, os mercados do
Norte e do Nordeste do País. No entanto, na história mais recente, o Estado
amargou perdas.
Já no ano passado, a estatal petroleira anunciou
o plano de desinvestimento e, após anos de atraso no cronograma de instalação
da refinaria Premium II, na área prevista para o primeiro projeto, decretou que
não tinha mais interesse em dar andamento ao projeto de instalação de uma
planta de refino no Ceará.
A partir daí, o governo cearense empregou uma
nova empreitada para captar um novo parceiro comercial que viabilizasse
economicamente a instalação de uma indústria do tipo no Estado. Entre idas e
vindas, a parceria entre os governos brasileiro e chinês aproximou players
asiáticos de atuação internacional do setor de petróleo e gás do Executivo
cearense e parece caminhar para a finalização do negócio. A China, hoje, tem
muito interesse em investir no País, em especial no Ceará. Os chineses estão
impressionados com o nosso Estado, pela estrutura que disponibilizamos, a
localização e, principalmente, por conta da Zona de Processamento de
Exportação. Isso abre muitas perspectivas de novos negócios para o Estado,
ressalta o governador em nota, ao comemorar a assinatura do termo na China.
Prudência
Perguntado sobre a multinacional de petróleo Guangdong Zhenrong Energy - com a qual
o governo cearense assinou o memorando de entendimento , o consultor do
mercado de petróleo e gás Bruno Iughetti disse ser a empresa uma ilustre desconhecida
do mercado internacional e aconselhou prudência ao governo cearense na captação
deste empreendimento.
É importante que o governo cearense tenha o
portfólio dela, com informações detalhadas sobre onde atuou, com que tipo de
negócio, entre outros, detalhou o especialista.
Iughetti ainda alertou para outros fatores que
devem interferir diretamente na dinâmica da planta de refino no Ceará, como os
insumos. De acordo com ele, uma empresa que planeja produzir 300 mil barris de
petróleo por dia ou vai importar insumo - o que seria ruim para a nossa balança
comercial - ou possui tecnologia capaz de explorar o pré-sal, o que é bastante
difícil.
Exportação ou importação
Acho que o projeto de uma refinaria aqui no Ceará
tem que levar em consideração atender nosso mercado interno, nas regiões Norte
e Nordeste, livrando o Ceará de desabastecimento, reforça o consultor,
observando que a instalação da refinaria na Zona de Processamento de Exportação
deixa implícito nas entrelinhas que o interesse da empresa é exportar a
produção.
Isso porque a ZPE do Ceará possui legislação que
facilita a venda da produção para fora do Brasil a partir de benefícios fiscais.
Segundo analisa, é preciso refino aqui no Brasil, pois no mercado internacional
existe um movimento refratário à compra de derivados prontos, devido às
recessões econômicas do mercado europeu e americano.
Investidora é especializada em energia
Guangdong
Zhenrong Energy Co., Ltd. (GDZR) foi fundada em 2002 e é especializada
em comércio e investimento de energia e recursos naturais, concentrando-se em
commodities como metal, carvão e produtos químicos. Zhuhai Zhenrong Company, o
maior acionista da GDZR, é uma empresa de propriedade estatal em grande escala
e uma das 5 maiores empresas de comércio de petróleo e produtos petrolíferos
registrados na OMC. Nos últimos anos, a GDZR comprometeu-se a investir no
sector da energia, que inclui, em grande parte, refinaria.
Um destes projetos foi uma planta de refino em
Myanmar, também na Ásia. Um memorando foi assinado entre a companhia e
representantes do governo em 2011. A GDZR diz esperar que o projeto esteja em
pleno funcionamento em poucos anos. Suas instalações de apoio, incluindo
pipelines, instalações de enchimento de gás e zona industrial química estão sob
planejamento.
Fonte: Diário do Nordeste
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