Além da perda na qualidade paisagística, o emaranhado de fios pode ocasionar acidentes.

A desorganização e a falta de manutenção de cabos
das redes elétricas e de telecomunicações em Fortaleza continua a ser um
problema no cotidiano do fortalezense. Tanto em avenidas principais e de grande
fluxo, como em ruas menos movimentadas, sejam em áreas nobres ou em bairros
periféricos, não é incomum observar fios soltos ou dispostos ao alcance da
população, de maneira a representar riscos.
Um exemplo disso foi a situação denunciada pelo
taxista aposentado Francisco Moreira de Freitas, na Rua B do bairro Parque Dois
Irmãos, em frente ao Posto de Saúde Vicentina Campos. Segundo ele, há mais de
seis meses, quando foram iniciados serviços de manutenção no local, a população
convive diariamente com a fiação solta.
Partes dos fios estão sobre a calçada do posto ou
suspensas sobre árvores. Outro fio, que deveria estar conectado a postes em
lados opostos da rua, está quase encostando no chão depois que foi derrubado ao
ficar preso em um caminhão. Antes do incidente, esta fiação já estava presa em
uma altura diferente, mais baixa. Desde então, automóveis e motocicletas que
passam no local precisam desviar do local, para não prender ou encostar no cabo
solto.
Freitas afirma já ter entrado em contato tanto
com a Coelce, que alegou que a fiação não é elétrica, mas de telecomunicações e
pertencente à operadora Oi, que o aposentado também disse ter contatado, ressaltando
que equipes desta empresa estiveram diversas vezes no local, mas nunca
corrigiram a situação. "A Oi vem e não resolve nada. Não sei se é falta de
manutenção, de material. Mas nessa rua tem muita criança à tarde. Os carros
ficam desviando dos fios, é arriscado até atropelar alguém ou uma moto ficar
presa", conta o aposentado.
Fiação subterrânea
Assim como no Parque Dois Irmãos, o emaranhado de
fios de energia e de telecomunicações disposto pelos postes da Capital, mesmo
em bairros mais nobres, é uma questão recorrente. No Centro de Fortaleza, outro
ponto onde o excesso e a desorganização dos fios é questionado, sobretudo pela
coexistência do problema com o patrimônio histórico da cidade, ainda não há
previsão para o início da troca pela fiação subterrânea, anunciada em 2014 pela
Prefeitura com o pacote de requalificação do Projeto de Valorização e Ampliação
da Infraestrutura e Atividade Turística de Fortaleza (Provatur).
Em outros pontos da Capital, conforme a
Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinf), estão previstas mudanças apenas
para os trechos onde está sendo feita a requalificação da mobilidade urbana,
como nas proximidades dos viadutos Celina Queiroz e Reitor Martins Filho, no
Cocó, na Avenida Monsenhor Tabosa, na Praia de Iracema, onde a fiação
subterrânea já vem sendo implantada conforme as intervenções vão sendo
concluídas.
Sem prazos
A Seinf informou, por meio da assessoria de
comunicação, sem detalhar prazos, que a canalização subterrânea de parte da
fiação existente está sendo em outras obras mais recentes em áreas nobres da
Capital, como o túnel da Avenida Engenheiro Santana Junior, a Avenida
Aguanambi, Avenida Santos Dumont, Avenida Beira Mar e o polo Gastronômico da
Varjota, sendo estas duas últimas obras, conforme a Seinf, de responsabilidade
da Secretaria de Turismo de Fortaleza (Setfor).
A Pasta garantiu também que em toda nova obra,
será incluso o projeto de fiação subterrânea. Entretanto, não foram mencionados
projetos de reordenamento da fiação para bairros periféricos de Fortaleza.
Sobre os fios soltos no Parque Dois Irmãos, através de nota, a assessoria de
imprensa da Oi informou que uma equipe técnica seria enviada ao local para
verificar e readequar os cabos da operadora mencionados. A companhia
acrescentou que realiza regularmente a manutenção de sua rede telefônica e
recebe solicitações de reparo realizadas por consumidores e entidades públicas
através do canal de atendimento.
Projeto de lei em tramitação prevê
ordenamento
O Projeto de Lei Ordinária de Ordenamento dos
Elementos que Compõem a Paisagem Urbana, que atualmente tramita na Câmara
Municipal e que foi elaborado através da Secretaria Municipal de Urbanismo e
Meio Ambiente (Seuma) em 2014, prevê a regulamentação da fiação aérea em
Fortaleza e ainda não está em vigor.
O projeto proibe a instalação de redes de fiação
aérea em vias expressas, vias paisagísticas, faixas de praias, orla marítima,
área de interesse ambiental, área de interesse histórico-cultural, zona central
e dentro das poligonais de tombamento de imóveis tombados pelo Município,
Estado ou União, dando às concessionárias de serviços públicos de energia
elétrica, telefonia e similares que tiverem rede de fiação instaladas nesses
locais o prazo de até 5 anos para a substituição pela rede subterrânea.
Fonte: Diário do Nordeste
Nenhum comentário:
Postar um comentário