| SUPLENTES | Número seria suficiente para preencher metade das cadeiras na Câmara de Vereadores. Indicados destacam cumprir expediente "rigorosamente"
Às vésperas de reformar o secretariado devido ao processo eleitoral
de 2018, gestão Roberto Cláudio (PDT) já abrigou em cargos
comissionados pelo menos 22 candidatos a vereador derrotados na última
eleição. Incluindo novatos e ex-parlamentares, os indicados somam altos
salários e posições de destaque na gestão. Outros três ex-vereadores
que não disputaram reeleição emplacaram cargos.
A informação tem
base em levantamento do O POVO em dados da Prefeitura e do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE). Com salários entre R$ 3 mil e R$ 26 mil, a
maioria dos indicados entrou na gestão no início de 2017 e segue no
cargo até hoje, apesar de cinco deles terem sido exonerados nos últimos
meses. Como a Câmara possui 43 vagas, nomeações seriam suficientes
para preencher quase três a cada cinco cadeiras da Casa.
O
indicado de maior projeção é Carlos Dutra (PDT). Vereador pelo PSDB por
dois mandatos, ele migrou para o PDT mas acabou derrotado em 2016. Nos
meses após a eleição, era comum ver o ex-parlamentar em eventos com o
prefeito ou circulando pelo Palácio do Bispo. Em maio o radialista foi
nomeado secretário do Esporte.
Um dos indicados, Alípio
Rodrigues (PTN) diz que a nomeação é legal e que foi escolhido pela experiência. Fui vereador por três mandatos, fui presidente de
partido, vice-presidente. Então acho que tenho muito a ajudar, diz.
Ele admite que irá disputar cargo de deputado federal — ao lado da base
do prefeito — neste ano, mas nega que sua indicação seja apenas
política. Trabalhamos muito.
Entre suas atividades como articulador político, ele destaca organização de inaugurações da
Prefeitura, além de manter diálogo entre a gestão e comunidades. Também trabalho com projetos na área de moradia, diz, sem dar mais
detalhes. Ele recebe R$ 9,5 mil mensais.
Também ouvido pela
reportagem, o ex-vereador Robert Burns (PTC) disse cumprir expediente rigorosamente no Gabinete do Prefeito, também na articulação
política. Ao ser informado de que o Portal da Transparência o coloca
como Diretor da Secretaria de Finanças, Burns disse que “também
trabalha lá, mas se mostrou incomodado com a pergunta.
Qual o intuito dessa reportagem? Não é para fazer confusão em cima
disso aí, disse ele, com salário de R$ 12,4 mil. Você tem que deixar
bem claro que a gente bate ponto, que a gente trabalha muito. Esse tipo
de matéria é desleal, diz.
Dona do salário que aparece como o
maior entre os gestores, a ex-vereadora Toinha Rocha (PPL) não disputou
reeleição, optando por apoiar o hoje vereador Ésio Feitosa (PPL).
Apesar de admitir o peso do currículo de ex-parlamentar, ela classifica
sua indicação mais como técnica do que como política.
Acho que fui convidada por minha identificação com a pauta, diz ela,
que recebeu R$ 26 mil em dezembro pela coordenação da pasta de
Bem-Estar e Proteção Animal. Enquanto vereadora, lutei muito para que
essa coordenadoria saísse, articulei muito as discussões sobre o tema,
apresentei leis, criei grupos de trabalho, diz. Líder do
governo na Câmara Municipal, Ésio Feitosa minimiza a questão e
classifica como natural a presença de políticos na gestão. São
quadros políticos, que estão dentro do projeto político do prefeito. O
Roberto Cláudio chegou ao poder com ajuda desses suplentes, então é
natural que eles sejam convidados e governem junto com ele. A Cidade não
perde nada.
Não existe qualquer
restrição legal a indicações políticas para cargos comissionados. Pelo
entendimento pacífico de tribunais superiores, não há como rejeitar que
a composição de governos seja política. O mesmo modelo é replicado nos
governos estadual e federal.
A lei eleitoral, no entanto, impõe
alguns limites para detentores de cargos públicos que pretendem
disputar eleições. Secretários ou dirigentes de órgãos municipais, por
exemplo, precisam se afastar da função pelo menos seis meses antes da
disputa.
O POVO tentou entrar em contato diversas vezes com a
Prefeitura de Fortaleza para ouvir a gestão sobre o caso. As mensagens
não foram respondidas.
Entre
siglas que tiveram mais suplentes indicados, há predominância do PDT,
partido de Roberto Cláudio, com 7 postos ocupados. Fato pode ter
relação com estratégia adotada pela base do gestor em 2016, quando
vários vereadores aliados migraram para o partido junto com RC.
QUOCIENTE
Com
18 vereadores, boa parte da bancada já saiu para eleição de 2016
ciente de que seria pouco provável a reeleição de todos, por conta do
alto quociente eleitoral. Naquele ano, ao serem questionados sobre isso,
a maioria dos vereadores destacou a capacidade da Prefeitura de compor
com os aliados.
É melhor ser suplente no PDT do que ninguém no PTdo B, disse, à época, o vereador John Monteiro. O segundo partido com maior volume de cargos foi o PPL, com quatro nomes. Importante para a sustentação do prefeito, o partido indica hoje a liderança da gestão na Câmara.
Fonte: O Povo
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